Uma história para lembrar

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Me incomoda a ideia do que serei na sua vida daqui a alguns anos. O que sobrará de mim aí quando enfim essa loucura acabar. Não estarei lá no dia da sua formatura, não serei a moça que você irá jurar em um altar amor eterno, não serei eu que estarei lá na sua primeira promoção de trabalho, não irei passar viradas de ano ao seu lado, não será comigo que irá planejar as viagens de fim de ano. E se não terei nenhum papel importante na sua vida, então quem serei daqui a alguns anos para você?
Talvez seja uma leve lembrança, a moça do namorico no fim do ensino médio. Aquela que escrevia demais, e talvez você até lembre o meu nome, ou não. Afinal isso não irá importar muito. Talvez leve algo, e esse algo permaneça em você durante um bom tempo, e do nada um dia após deixar um filho na escola e antes de chegar ao trabalho, ali em um trânsito maçante esse algo apareça, e você pense: “Nossa, por onde anda aquela menina?”
Talvez uma colega de trabalho tenha o mesmo nome que o meu, ou tenha a mesma forma embaraçada de lidar com as palavras ditas. Talvez no fim do último semestre você até tenha noticias minhas, e saiba por um dos seus amigos que andei perguntando por você.
Talvez eu seja um daqueles casos engraçados que você irá contar aos seus netos, junto com o caso da moça da lanchonete e com o caso da garota do 4° semestre. E no fim irá sorrir e dizer “juro que foi antes da avó de vocês”. E eu não me importo em ser a história engraçada da garota que amava demais, uma história de passatempo contada a crianças curiosas, desde que eu seja algo.
Quanto tempo falta para que essas dúvidas virem certezas? Para não nos reconhecermos em uma rua lotada, para apagarmos nossos números da lista de contato, para esquecermos o nome um do outro? Porque no fundo sabemos que essa história nasceu destinada a findar. Que por si só não poderia durar. Então, quanto tempo ainda nos resta?

E.S

Seria mais que férias

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Não é amor, mas poderia ser. Poderia ser um carinho pela manhã enquanto você cria coragem para levantar da cama, um bom dia a cada amanhecer meio nublado, um “vem que te esquento” nos dias frios, um sorriso na volta do trabalho, um abraço apertado antes de uma viagem.
Poderia ser amor ao invés de coisa de momento, e assim você me veria acordar todos os dias com a sua camisa, eu passaria horas dançando com você, levantaria no meio do filme para pegar algo que queira – mas não pense que não reclamaria-, cuidaria da sua roupa, dos seus discos e do seu café. Cuidaria de você.
Seria um eu te amo quase sussurrado, um beijo após uma briga, um “fica mais um pouquinho” no domingo de manhã. Teria música boa, vinho (por mais que eu não goste), teria minha cabeça em seu peito, sua mão em minha cintura, meu sutiã na maçaneta da porta, suas palavras despejadas em meus ouvidos de uma forma que causasse arrepios e teria meu olhar bobo ao te admirar.
Seria mais que uma noite ou um fim de semana, seria uma vida inteira. Seria seu sorriso durante meu ataque ao ver uma barata, banhos juntos em noite de calor, cafuné na sexta feira, seria tudo isso e ainda teria você me carregando no colo.
Seriam gargalhadas ao invés de sorrisos tímidos. Teria você me ensinando a nadar e a jogar subway surf, assistiríamos The Walking Dead juntos e eu nem tamparia os olhos. Te ensinaria a gostar de Chico Buarque, Caetano e Engenheiros e nem reclamaria quando você me chamasse por aquele apelido idiota.
Teria as nossas conversas até altas horas da madrugada, teria mais domingos de praia, teria muitos beijos, muitas carícias e dessa vez não colocaria uma blusa de alça fina. Eu até tentaria aprender a cozinhar só pra te agradar. Seria fogaréu e não faísca.
E talvez depois de tudo isso quando te pedisse para ficar, você entendesse que podia ser mais que férias.

E.S