Era uma segunda-feira de janeiro, em janeiro os dias costumam ser quentes, apesar das chuvas de verão que vez ou outra cai só pra deixar aquele cheirinho de terra quente molhada, mas que no fim não muda nem um grau na temperatura. As tardes de janeiro são definitivamente quentes. Eu gosto de janeiro, ele me enche de esperança, é como comprar um caderno com as folhas todas decoradas e com cheirinho de novo, nesse momento eu ainda não tenho conhecimento das perdas, dos erros, das folhas arrancadas, são só várias folhas em branco quase que implorando para serem rabiscadas, essa sensação de que eu posso fazer qualquer coisa naquele novo caderno é o que me motiva no mês de janeiro. Janeiro cheira a esperança. Naquela tarde especialmente eu estava esperançosa, mais do que me lembro de ter estado em qualquer outro dia daquele mês em qualquer outro ano, eu tava iniciando um dos ciclos mais esperado da minha vida. Eu não planejei aquela tarde de segunda-feira de janeiro, na verdade ela fugiu totalmente do meu controle, um somatório de imprevistos acabaram me jogando naquela sala e naquele horário. Na vida a gente acaba esbarrando com muitas pessoas, algumas só passam, outras até ficam por um tempo, semanas, meses ou até mesmo anos, no fundo a gente nunca sabe com convicção qual dessas pessoas é de fato para sempre, porém sempre sabemos quem poderá ser, então nos jogamos nessas apostas do coração torcendo para que no fim tenha um bilhete premiado. E naquela tarde meu coração apostou. É intrigante o fato de como eu soube imediatamente que viveríamos algo, como se sentisse que nossos caminhos tinham que ter se cruzado, eu olhei e não tive dúvida que ela com certeza poderia ser, não sei explicar como, porém eu sentia que tinha uma história pra ser vivida. Então janeiro passou e levou o verão, o outono foi breve e em um piscar de olhos já estamos no frio do inverno, as tardes já não são mais tão quentes, porém após 7 meses meu coração se mantém aquecido e esperançoso como esteve naquela tarde de segunda. Quanto tempo ela vai ficar por aqui eu ainda não sei, talvez mais alguns meses ou anos, porém eu sei que o nosso “sempre” se formou no instante que nossos caminhos se cruzaram pela primeira vez, pois agora há um ponto de intersecção em nossas histórias que contaremos juntas e sempre vai haver um filme que me lembre ela, uma música, uma comida… E toda vez que alguma dessas coisas aparecerem na minha vida meu pensamento vai imediatamente buscar as lembranças dela, independente de quanto tempo tenha passado desde aquela tarde. As lembranças são para sempre e para mim essa é a maneira mais linda de algo ser eterno.
E.S