Sob bicicleta, sobre amor

moça da bicicleta - ana moraes

Lembro-me de quando aprendi a andar de bicicleta, com a ajuda de um tio como instrutor e protetor – é incrível como sempre necessitei da proteção masculina- sentia um frio no estômago todas as vezes que subia na bicicleta. De início bambeava, tombava para um lado depois para o outro, mas o fato de ter meu tio ali me dizendo para confiar que ele não me deixaria cair, trazia uma sensação de segurança, havia alguém naquele momento comigo, que gostava de mim o suficiente para não me deixar cair, que se preocupava e se por caso algo acontecesse eu sabia que estaria ao meu lado para velar e cuidar dos meus ferimentos.
Lembro-me de olhar para trás inúmeras vezes para conferir se ele ainda estava ali e o via sorrir e me mandar pedalar, mesmo que da minha forma desengonçada. Eu pensava na dor e na vergonha que sentiria se caso caísse, como iria explicar para ele que o seu esforço tinha sido em vão? E ainda teria que conviver com a dor dos machucados. O medo me travava, às vezes, tinha vontade de desistir e aceitar que talvez andar de bicicleta não fosse para mim. Mas algo me fazia permanecer, talvez a vontade de aprender ou o carinho do meu tio em ensinar.
Em determinado momento, não me lembro exatamente em qual, parei de olhar para trás, sabia que ele estaria ali, e simplesmente confiei. E pedalei enquanto ouvia a sua voz me falando para continuar. Posso não me lembrar do momento exato, mas lembro-me perfeitamente da sensação do vento em meus cabelos, e quando olhei para trás novamente o vi acenando a metros de distancia de mim, com um sorriso de quem havia cumprido sua missão.
Depois disso, bambeei diversas vezes, bati em alguns muros, levei alguns tombos que causaram machucados que até hoje levo as cicatrizes. Cicatrizes essas que carrego com orgulho, são reflexos de um aprendizado, e se elas foram o preço para sentir o vento no rosto e aquela sensação boa de liberdade, então valeu a pena.
E mesmo com essas cicatrizes, não poderei nunca me arrepender de um dia ter aprendido a pedalar, pois ao fazer isso estaria não só me arrependendo dos machucados, mas também dos bons protetores que me guiaram e fizeram de tudo para não me deixar cair. Tombos são inevitáveis, e é bem possível que se caia algumas vezes, que tenha machucados feios e é preciso estar preparado para a dor, pois andar de bicicleta também é correr riscos. Mas no fim valerá a pena, e haverá o vento para te lembrar de que sempre há uma nova chance de recomeçar.

E.S

5 comentários sobre “Sob bicicleta, sobre amor

  1. Olá, moça. Acredito que esteja tudo bem com você. Preciso de sua ajuda (caso possa me ajudar)! Preciso comprar a bicicleta dessa imagem. Você tem a fonte, uma referência ou qualquer coisa que possa me ajudar a encontra-la? Por favor, me ajude.

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